Os
comeres terminaram, ao fim do dia, com uma parrilhada deliciosa. Quanto às bebidas, o vinho servido, de vários produtores
locais, era magnífico. Longe vão os tempos em que, em Figueiró, apenas dois ou três vinhos da produção local, eram bebíveis.
Hoje, aquilo que era excepção passou a ser a regra.
De
assinalar que o encontro decorreu de forma exemplar, em todos os aspectos. A Comissão não se poupou a esforços para que assim
fosse e, portanto, muito do mérito lhe pertence. Ela, de resto, pede para deixar aqui um agradecimento ao Dr. Jorge, do Restaurante
O Albertino, e ao Snr. Fernando Lopes Ventura, cuja entrega às causas em que intervem é total como todos sabemos, e ainda
ao Snr. Gerardo, que cozinhou a paella e, por fim, ao Snr. Leonel Martins Coelho pela cedência das instalações onde o evento
teve lugar.
Foi
ainda designada a Comissão responsável pelo encontro do próximo ano, constituída pelos Snrs. António Heleno, Manuel Prazeres
dos Santos e Orlindo Ferreira.
Um
propósito, que mereceu o acordo geral: para o ano as esposas estarão ao nosso lado.
Museu Rural
Um museu, ao
contrário do que é comum pensar-se, não é um espaço morto mas, antes, representa um lugar bem vivo, que se encontra em permanente
renovação.
Conseguimos,
como já tive a oportunidade de anunciar, uma peça que, sendo das mais tradicionais da vida do campo dos tempos da nossa infância,
merece um lugar de destaque: o tão conhecido e apreciado carro de bois.
Graças à arte
do nosso conterrâneo Lucas Esperança e à iniciativa do Aristides Ferreira, procedeu-se à sua restauração e todos teremos oportunidade
de o observar a partir de Setembro, aquando da festa de Santa Eufémia.
Para uma melhor
dinamização dos espaços museológicos, vai ser nomeada uma Comissão já que, como todos se recordam, a anterior tinha como única
finalidade a reconstrução do edifício e terminou há muito o seu mandato.
O S. João em Figueiró
Tenho ainda
na lembrança o alvoroço que invadia os mais pequenos quando se aproximava o S. João, todos se esforçando por colher a maior
quantidade de rosmaninhos para a fogueira do seu bairro. Os pequenos arraiais marcavam presença em cada bairro e experimentava-se
alguma frustração quando ele não se realizava.
Desde os doze
anos, por motivo dos estudos, nunca mais participara. Voltei, agora, por um feliz acaso, a fazê-lo. E encontrei o mesmo entusiasmo,
a mesma alegria estampados em todos os rostos, no Cruzeiro, na Quinta da Venda e na Capela. Disseram-me que noutros locais
aconteceu o mesmo. Todos saltaram na sua fogueira para cumprir o ritual do S. João. Em muitos territórios, num passado muito
antigo, o ritual do fogo tinha associado o significado da purificação. Possivelmente, o salto sobre a fogueira, herdado não
se sabe de quando, terá ainda algo a ver com tal simbolismo.
O S. João de
hoje tem uma diferenciação em relação ao da minha infância: Agora, em cada bairro não falta uma mesa farta de petiscos e de
bom vinho!
Para que a
tradição não morra é indispensável que se mantenha o entusiasmo como este ano aconteceu. A iniciativa dos arraiais partiu
das seguintes conterrâneas: No Cruzeiro – Maria da Conceição, Maria do Carmo e Odete; na Quinta da Venda – Maria
de Jesus, Graça Simão, Maria da Conceição Albuquerque, Lúcia Esteves e Elisabete Costa; na Capela – Paula Almeida, Antónia
de Sousa e Maria Teresa de Sousa.
José Maria Mendes