Dia de Finados
O primeiro dia de Novembro, que a igreja escolheu para memorizar aqueles milhões de cristãos anónimos, que desde os primórdios do cristianismo, viveram uma vida que se regeu pelos
estritos ensinamentos de Jesus Cristo, acabou por transformar-se numa data toda ela dedicada aos que nos deixaram. Para demonstrar, justamente, que eles partiram mas a sua memória permanece bem viva nos corações
dos familiares e amigos de cujo convívio faziam parte.
E assim, uma vez em cada ano, a um de Novembro, essa memória conduz-nos ao lugar onde os seus
corpos agora repousam.
Foi, por isso, que os cemitérios de todo o país se encheram de seres vivos para lembrar os mortos
e para mostrar-lhes, com preces e com flores de toda a espécie, que a sua lembrança permanece bem viva.
A fúria da tempestade que se
abateu sobre Figueiró.
Tivemos oportunidade de
ver, através da televisão, as consequências devastadores resultantes de uma das tempestade que vêm assolando o país inteiro.
Figueiró não fugiu à regra.
E custa a crer o que aconteceu à ribeira que, vinda de Linhares, da zona do parapente, desagua naquela outra que nasce junto
aos Azibrais, naquelas terras que fazem parte daquilo a que chamamos, desde os anos quarenta do século passado, a “Companhia”.
Qualquer coisa como um
tornado, um tufão ou seja o que tiver sido deixou marcas impressionantes.
Contado não se acredita!
A ribeira, que mal se via porque corria escondida por entre frondoso arvoredo, ficou nua; da mais robusta árvore ao mais fraco
arbusto tudo desapareceu. Foi inacreditável e a geração mais antiga comenta que nunca se viu nada assim!
Chuvas em Figueiró |
|
Clique para ver mais fotos |
Uma figura notável de Figueiró
Figueiró deixou de ser,
de um momento para o outro, uma mera passagem.
O empreendimento turístico
que foi erguido numa das mais agradáveis zonas da aldeia, que, possivelmente,
não tem par no distrito, ultrapassou tudo quanto imaginávamos quando se deu início à sua construção. Aquilo que se construiu
jamais passaria pela nossa cabeça há uns anos atrás!
O restaurante transformou-se,
rapidamente, numa referência de qualidade, de conforto e de distinção.
Como surgiu e porquê esta
obra extraordinária? E qual a razão por que Figueiró foi o ponto escolhido? Porquê esta terra, desde há muito votada ao ostracismo
e onde, salvo raríssimas excepções, nada de novo acontecia na sua vida monótona
e sempre igual?
Há algum tempo, folheando
as páginas de um dos semanários de referência, dei-me conta, primeiro, de um anúncio que publicitava determinados produtos
fabricados por uma grande empresa que labora na área da península de Setúbal. A seguir, deparei com uma entrevista de Salemo
Madureira, sócio gerente dessa empresa, que li com redobrado interesse.
Nela está, efectivamente,
subjacente uma visão empresarial fora do comum, de alguém perfeitamente seguro daquilo que afirma e com uma perspectiva empresarial
apenas ao alcance de poucos.
Tive o privilégio de ser
o mais directo colaborador de António Champalimaud durante os quatro anos de maior conturbação da sua vida. Tratava-se, como
unanimemente é reconhecido, do maior industrial português de sempre. Apercebi-me bem das inúmeras facetas que faziam dele
isso mesmo. Ele estava bem à frente do comum dos homens muitos e muitos anos!
Salemo Madureira revela, nessa entrevista, muitas das características que conheci em António Champalimaud.
A sua empresa constitui
um dos modelos no modesto conjunto empresarial do nosso país.
É justamente este o homem
que concebeu aquilo que hoje constitui o orgulho da nossa terra. E fê-lo, penso eu, simplesmente porque nasceu em Figueiró!
José Maria Mendes
|